terça-feira, 10 de janeiro de 2012

AFINAL, O QUE É DISLEXIA?

A maioria das pessoas pensa que a dislexia faz com que alguém veja palavras ou frases de forma inversa, ou que induz a pessoa a trocar a letra "b" pela "d". Mas isso é só uma das formas de dislexia conhecidas, no caso a fonética.
A dislexia, também conhecida como distúrbio do desenvolvimento da leitura, afeta a capacidade da pessoa de compreender a linguagem escrita ou a oral e, em alguns casos, ambas. Em outras palavras, é um distúrbio geral de aprendizado, relacionado à linguagem. Tarefas e atividades que nos são familiares, como escrever uma lista de compras, ler o jornal ou um livro, podem ser problemáticas para as pessoas disléxicas. Estudos recentes sugerem que entre 15% a 20% da população tem algum tipo de deficiência de leitura e, nessas pessoas, cerca de 85% têm alguma forma de dislexia.
Embora as doenças do cérebro possam causar a dislexia e outros distúrbios de leitura como discalculia e disgrafia, pesquisas médicas indicam que, para a maioria das pessoas, estes são resultados de uma disfunção (e não doença) do cérebro. Estudos de imagens de cérebros mostraram que os cérebros dos disléxicos se desenvolvem e funcionam diferentemente dos cérebros de pessoas que não são disléxicas. Além do mais, a dislexia pode ser herdada. Em muitos casos, descobre-se que um ou ambos os pais de uma criança disléxica também sofrem desse distúrbio de aprendizado.
A dislexia afeta um grande número de pessoas. Ela pode se manifestar de várias maneiras de pessoa para pessoa. Alguns sinais comuns que devem ser pesquisados em crianças mais novas, são:

• Dificuldade para pronunciar palavras;
• Não ser capaz de fazer a conexão entre letras e sons;
• Dificuldade de aprender o alfabeto, números, ou outras importantes listas seqüenciais como a os dias da semana;
• Dificuldade em ver as horas.
Os mais velhos e crianças em idade escolar, podem apresentar alguns dos seguintes sintomas:
• Dificuldades em soletrar, soletrando freqüentemente a mesma palavra de maneiras diferentes;
• Reverter seqüências de números e letras, ou trocar símbolos matemáticos;
• Não gostar ou evitar leitura em voz alta;
• Dificuldades para escrever;
• Ler com dificuldade acima da esperada para seu nível escolar;
• Ter dificuldades para memorizar.
Não é raro a dislexia ser diagnosticada durante o colegial ou até mesmo em adultos. Alguns sinais a serem observados nessas idades são:
• Dificuldade em organizar seu tempo;
• Problemas em soletrar palavras corretamente;
• Ser mais hábil na linguagem oral que na escrita, ou evitar completamente a escrita;
• Não ser capaz de compreender conceitos abstratos;
• Dificuldades em responder questões abertas em provas ou em entrevistas;
• Problemas com planejamento e organização;
• Dificuldades em resumir ou estruturar pensamentos.
Os indivíduos podem mostrar qualquer um desses sinais, ou outros possíveis sintomas. O fato de alguém apresentar alguns deles, no entanto, não significa que a pessoa tenha dislexia. A pessoa deve passar por uma série de testes antes do diagnóstico. Um consultor educacional qualificado, um terapeuta ou outro especialista, aplicará uma bateria de testes para avaliar soletração, matemática, desenho, seqüenciamento, acuidade visual e capacidade de exploração.
Muitas crianças com dislexia relatam um sentimento de inadequação - sentir-se "burro". É importante notar que pessoas muito inteligentes podem ser disléxicas. Na realidade, muitas pessoas que têm dislexia se sobressaem em áreas que não exigem grandes habilidades de linguagem. Há uma quantidade de pessoas notáveis nos campos da ciência, entretenimento, esportes e política que são disléxicas.
Distúrbios de aprendizado como a dislexia são para toda a vida, o que significa que nunca desaparecerão. Um tratamento que tem alcançado sucesso conta com uma abordagem de ensino estruturada e multisensorial. Estudos sugerem que o processo de aprendizado para disléxicos é aperfeiçoado quando os sentidos auditivo, visual e tátil podem ser combinados na experiência de aprendizado de alguém. A detecção e a intervenção precoces são fundamentais de forma que os jovens disléxicos possam aprender a compensar suas deficiências ao chegar à idade adulta. No entanto, isso não significa que disléxicos mais velhos não possam se beneficiar de outras formas de tratamento. Não importa em que idade, se você suspeitar que tem algum distúrbio de aprendizado que atrapalha o seu desempenho escolar ou profissional, uma boa idéia é passar por uma avaliação com pessoal especializadas.
Portanto, nem os pais, nem os professores são responsáveis por esta dificuldade específica de aprendizagem. Porém não devem ignorá-la e sim observar alguns sintomas como:
Na leitura e/ou na escrita:
- possíveis confusões
(ex: f/v; p/b; ch/j; p/t; v/z ; b/d...)
- possíveis inversões;
(ex: ai/ia; per/pré; fla/fal; cubido/bicudo...)
- possíveis omissões:
(ex: livo/livro; batata/bata...)
Intervenção na sala de aula:
Partindo do princípio fundamental de que não há "receitas" infalíveis e adaptáveis a todos os casos. Antes pelo contrário, cada caso é um caso e deve ser encarado na sua singularidade e especificidade.
Todavia, podem-se apontar algumas pistas de conduta e facilmente aplicáveis numa sala de aula.
1- Colocar o aluno numa das carteiras mais próximas do professor para que este o possa "vigiar" a atenção e dificuldades do aluno;
2- Eliminar possíveis focos de distracção (materiais desnecessários, janelas, colegas desconcentrados,barulhos,...);
3- Organizar os materiais de trabalho do aluno (organização do dossier, esquemas de cores, pasta de arquivos de trabalhos realizados,...);
4- Aulas de apoio individualizado a Língua Portuguesa (tendo em conta as dificuldades mais relevantes apresentadas pelo aluno);
5- Tomar uma atitude de "reforço positivo" junto do aluno, valorizando mais os progressos que as falhas.
Outros distúrbios de aprendizagem
Discalculia - Pessoas que sofrem desse problema encontram dificuldade para resolver exercícios com números e entender conceitos matemáticos.
Disgrafia - Pessoas que sofrem desse problema encontram dificuldades para escrever letras ou até mesmo para escrever dentro de um espaço determinado.
Dislexia auditiva - pessoas que sofrem desse problema encontram dificuldade em entender a linguagem embora elas tenham uma capacidade auditiva normal.
Dislexia visual - pessoas que sofrem desse problema encontram dificuldade em entender a linguagem escrita, embora tenham uma visão normal.

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